A primeira vez que a estilista Ana Dotto se apaixonou por um vestido foi aos 15 anos de idade. O modelo em cetim lilás, acinturado e com uma saia destacável em tule foi usado por ela na festa e no debut. Confeccionado pela requisitada Elda Piovesan Pesamosca, o vestido foi um marco não só pela passagem dos 15, mas como gatilho para a carreira da estilista. A ideia veio do avô, que viu de perto o encantamento da neta nas diversas provas do vestido e passeios sem pressa pelo atelier de dona Elda. “Tu gosta disso, né, Ana? Já pensou em fazer? Vai trabalhar sempre com coisas bonitas e gente feliz, que está nos melhores momentos das suas vidas…”, sugeriu o avô, Fausto Dotto, dono de um engenho de arroz, que pouco entendia de moda e muito de negócios. E, assim, Ana despertou para a moda.
Foi natural o caminho que a levou a fazer vestidos para noivas: “Trabalhar com as noivas exige muito mais envolvimento. Elas já estão se preparando há um ano ou dois, já sonham com o vestido há muito tempo, têm muita expectativa. O processo de construção com as noivas é mais completo, e foi dali que saiu minha vontade. Porque é um trabalho muito personalizado, com grande garantia de que o resultado fique bom”, conta a estilista de 26 anos, que já fez mais de 160 vestido de noivas.
Ana trabalha diariamente com expectativas. Não simples expectativas: expectativas de noivas quanto ao vestido do dia mais importante de suas vidas. Diferentemente do que se possa imaginar, ela diz que a pressão não a deixa nervosa. “Porque elas já chegam sabendo o que querem. Entendo o que elas querem e transformo a expectativa delas em realidade. Nós construímos juntas,” diz Ana, contando que ao ver um vestido de noiva pronto sempre tem a mesma sensação: “Se tirasse dessa pessoa e colocasse em outra, não encaixaria. Foi feito realmente e unicamente para ela. E sabemos que o vestido de noiva carrega a energia de muito tempo pensando, planejando e sonhando com aquilo. Não é um vestido só daquele dia: é para ser guardado e lembrado para sempre.”